Notícia

Assistencialismo ou Promoção Social Espírita?
09/06/2016

Um dilema que o Movimento Espírita se depara ainda em pleno século XXI é a confusão que existe entre caridade e assistencialismo. 
 
Muitas atividades assistencialistas ainda têm sido desenvolvidas, em nome da caridade, como se fossem atividades promocionais do Espírito imortal; mas, que, analisadas com critério, muitas vezes, concorrem para viciações muito trabalhosas de serem superadas.  
 
Essas atividades não se coadunam com o objetivo principal da Doutrina Espírita, que é a promoção da criatura a uma posição de maior evolução.
 
É fundamental que o Movimento Espírita, em pleno século XXI, ressignifique as suas práticas, de modo que possamos aproximar o movimento dos postulados básicos da Doutrina Espírita.
 
Temos confundido caridade com assistencialismo, a caridade exclusivamente material na qual praticamos filantropia. 
 
Vemos muitos dirigentes e trabalhadores das Casas Espíritas bem intencionados, mas mal direcionados, por não meditarem profundamente sobre o axioma Fora da Caridade não há salvação, cunhado por Kardec, incorrerem no erro de confundir caridade com assistencialismo, acreditando que ao realizar essa prática estão se salvando pela caridade.
 
Todo o trabalho da caridade material só nos auxiliará no processo de salvação, ou seja a autoiluminação, se estiver promovendo, tanto quem realiza a atividade, como aqueles que recebem os benefícios daquela tarefa. Se não promover para melhor o trabalhador do Bem e aquele que recebe a ajuda do trabalhador, não estará acontecendo verdadeiramente esse processo de salvação. Por isso, é que Kardec coloca a caridade como critério de salvação e não o Espiritismo. 
 
Kardec diz que a caridade, segundo Jesus, não se restringe à esmola. Ainda se confunde a caridade com a esmola. Muita gente acha que dar esmola é pegar um dinheiro no bolso e dar para um mendigo na rua. O conceito de esmola é muito mais amplo do que isso. 
 
Todas as vezes que, em nossas atividades assistenciais, dermos algo material para alguém, pura e simplesmente, sem realizar ações que promovam aquela pessoa, estaremos dando uma esmola. 
 
A esmola pode ser útil? Pode. O problema não é a esmola. O problema é só dar a esmola, gerando o assistencialismo, que é bem diferente da beneficência, que trabalha pela promoção espiritual do assistido. Se fizermos uma atividade em nosso Centro Espírita que vise apenas suprir uma necessidade material, não estaremos praticando a caridade segundo Jesus. 
 
O trabalho de Promoção Social Espírita é aquele que sempre promoverá o Espírito imortal, na pessoa do assistido. 
 
A prática da beneficência no Centro Espírita, como uma ação de verdadeira caridade, deve aliar as dádivas materiais ao desenvolvimento das “qualidades do coração”, tanto de quem assiste quanto de quem é assistido. Se não houver o desenvolvimento das qualidades do coração, mas apenas o exercício do assistencialismo, nós estaremos oferecendo uma esmola que faz um bem transitório aos outros, mas sem promover o Bem com “B” maiúsculo, que transforma, interiormente, tanto quem dá, quanto quem recebe. 
 
Alírio de Cerqueira Filho
Vice-presidente Administrativo da Federação Espírita do Estado de Mato Grosso e um dos facilitadores do Projeto Espiritizar